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colaboradores, Política

Que jornalismo é esse?

  • msavite
  • 10/01/2023
  • 16:27

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Bolsonaristas sobem no Congresso Nacional, em Brasília — Foto: Afonso Ferreira/TV Globo
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Chico Sant’Anna


Nos ensinam os bons manuais de Jornalismo, que notícia
boa é aquela que traz um fato inusitado, de interesse na
sociedade e que chega rápido aos consumidores de informação,
preferencialmente em tempo real. Também é sabido que o que
potencializa os meios de comunicação é a amplitude da
audiência. Quanto maior, melhor, pois isso gera prestígio e
retorno publicitário.
Entretanto, a maioria dos canais de televisão aberta do País
ignorou o que acontecia na tarde de 8 de janeiro de 2023,
quando uma turba de terrorista ocupou e depredou as sedes dos
Três Poderes na Capital da República. Jornais, revistas, agências
de notícias nacionais e estrangeiras, portais informativos,
prontamente enviaram profissionais para o front da notícia.
Vários deles, em especial foto e cine jornalistas, foram alvos de
agressões físicas perpetradas pelos terroristas.

Os canais all news, como a Globo News, BandNews e CNN
Brasil, suspenderam suas programações e passaram a transmitir
em tempo real, com reportagens e análises, o que ocorria
Brasília. Este não foi, contudo, o comportamento dos canais
abertos, que por serem gratuitos, possuem uma audiência muito
maior. Deixar de noticiar em tempo real sobre esse delicado
tema é uma ação de desinformação. Milhões de brasileiros que
não possuem TV paga ficaram sem saber o que se passava na
Capital da República.
Portanto, levar a informação sobre aquele fato de interesse
de todos os brasileiros, mais do que cumprir com a missão social
do Jornalismo, era fazer jus às concessões que tais grupos
econômicos receberam da sociedade.
Às 17h, quando o quebra-quebra terrorista já se
desenrolava há mais de duas horas, as redes sociais estavam
plenas de vídeos de autoria dos próprios terroristas e das forças
de segurança. E esse material foi usado por alguns meios de
comunicação como forma de superar a impossibilidade de ter
equipes no palco dos acontecimentos. A TV Bandeirantes exibia
Master Chef; o SBT, o programa da Eliana; e a Record A Hora do
Faro.
Mesmo a Globo demorou a priorizar esse conteúdo.
Somente às 17h19 a emissora deixou de veicular o Domingão do

Luciano Huck e passou a transmitir simultaneamente o conteúdo
de sua coirmã Globo News. Buscamos saber os motivos de tal
comportamento editorial com os responsáveis sobre o comando
dos departamentos de Jornalismo dessas emissoras. Indagamos
se foi uma opção editorial, compromissos publicitários ou
dificuldades técnico-operacionais. O silêncio foi a resposta.
Canais públicos
As três Casas de Poder invadidas por terroristas são
detentoras de canais próprios de rádio e TV: TV Brasil, TVs
Senado e Câmara e TV Justiça. Não tivemos a oportunidade de
avaliar a programação da TV Câmara, mas, nas TVs Senado e
Justiça era como se nada estivesse acontecendo lá fora.
Numa Irônica coincidência, a TV Senado exibia o programa
Que Brasil é esse? Na tela, não era nenhuma reportagem ou
análise dos fatos de momento. No lugar de comentários dos
parlamentares, que poderiam ser enviados por celulares, era
exibida uma entrevista com Fafá de Belém. A ironia involuntária
também se fez presente na TV Justiça: estava no ar uma
entrevista com o Procurador Geral da República, Augusto Aras,
no programa “Interesse Público”.
Apenas a TV Brasil, canal público da Empresa Brasileira de
Comunicação (EBC), mudou o conteúdo pré-programado para o

fim de semana. As alterações se deram por meio da inserção de
flashes (boletins informativos). Não houve uma interrupção total,
como ocorreu na Globo. Das 16h às 18h, a TV Brasil veiculava o
filme Insônia. Mais uma ironia do destino.
Os canais públicos foram igualmente procurados. O
departamento de Jornalismo da TV Brasil informou que está
elaborando um relatório completo sobre a programação
veiculada. Não explicou ainda a opção editorial adotada. A
Secretaria de Comunicação do Supremo Tribunal Federal não
retornou nossos questionamentos sobre o comportamento
editorial da TV Justiça. Já a diretora da Secretaria de
Comunicação do Senado, Érica Ceolin, informou que chegou a
mobilizar equipes de jornalistas para cobrir em tempo real o que
ocorria na Casa, mas, ao chegarem ao Congresso, a Polícia
Legislativa, por questões de segurança, não autorizou que os
profissionais entrassem para pegar os equipamentos.
Até o supervisor técnico de plantão teve que se retirar. O
Senado possui um amplo sistema de câmeras, algumas robôs,
instaladas nas salas de Comissões, e outras de segurança,
internas e externas – inclusive uma no topo do Anexo 1 – que
poderiam ser operadas à distância e ter suas imagens
transmitidas. Entretanto, segundo Erica Ceolin, não foi possível
sequer adentrar as instalações da emissora no subsolo do Anexo

  1. A opção foi informar a sociedade pelo site da Agência Senado
    de Notícias.

Questionamentos
Canais de TV são concessões públicas. O concessionário
privado tem a obrigação de bem informar a sociedade. A não
transmissão em tempo real dos acontecimentos terroristas na
Esplanada dos Ministérios obriga-nos ao questionamento
semelhante ao que é feito sobre a ação das forças de segurança
do Governo do Distrito Federal: Houve incompetência ou
conivência? Por que as emissoras detentoras de tecnologia de
ponta, helicópteros, drones, antenas de micro-ondas, câmeras
em motos, ignoraram o ocorrido, talvez o fato mais importante
desde a redemocratização do País? A pandemia da covid
mostrou que apenas com celulares é possível prover uma
cobertura dos fatos.
Para a coordenadora do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do DF, Juliana Nunes, os episódios de domingo
evidenciaram a importância de fortalecer a comunicação pública
e governamental, bem como legislativa e judiciária. “Tudo para
que a população seja devidamente informada e o patrimônio

público protegido. A sociedade precisa ter a correta dimensão
dos crimes cometidos neste domingo”, complementa.
A história mostra que em vários momentos politicamente
importantes do Brasil as emissoras de televisão em transmissão
aberta pecaram. Maior exemplo foi a campanha das Diretas Já e
a reedição dos debates presidenciais entre Collor de Mello e Luiz
Inácio Lula da Silva. Algumas emissoras fizeram o mea culpa.
Esperamos que o comportamento editorial adotado por
diversos canais no fim de semana de 8 de janeiro não seja uma
retomada do mau jornalismo.

Chico Sant’Anna – Jornalista, documentarista, doutor em Ciências da
Informação e Comunicação pela Universidade de Rennes 1, na
França. Pesquisador associado ao Núcleo de Mídia e Política
(Nemp) da Universidade de Brasília

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