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Projeções do “Ogronegócio” para 2033

  • Júlio Miragaya
  • 28/08/2024
  • 07:00

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O Brasil se tornou um país de apenas três culturas, produzidas pelos grandes latifundiários: soja, milho e cana-de açúcar. Sua produção é voltada para a exportação e/ou consumo animal. Junto com carnes, café, algodão e celulose, representam quase metade das exportações brasileiras.

Em artigo recente, mostrei que há 60 anos (1963), do total de 31 milhões de hectares (ha) cultivados no Brasil, 10 milhões eram ocupados pelo trio soja/milho/cana (32,4% do total). Já arroz, feijão, mandioca, banana, outros grãos, frutas, legumes, tubérculos e hortaliças, ocupavam 21 milhões 67,6% do total da área cultivada).

De 1963 a 2023, a área cultivada no Brasil cresceu 203%, de 31 milhões para 94 milhões ha. Só que a área plantada com soja/milho/cana saltou de 10 milhões para 75,3 milhões ha (80,2% do total), ao passo que todas as demais culturas caíram de 21 milhões para 18,7 milhões ha (19,8%).

Se considerarmos somente a produção de seis alimentos tradicionais na mesa do brasileiro (arroz, feijão, mandioca, banana, batata-inglesa e batata-doce), observamos que há 60 anos a área ocupada com esses produtos era praticamente a mesma ocupada por soja/milho/cana. Mas em 2023 passou a ser incríveis 12 vezes menor, pois a área com o trio do “ogronegócio” aumentou 650%, ao passo que a área ocupada pelos seis alimentos básicos decresceu 37%.

De 1963 a 2023, não obstante a queda na área cultivada, o aumento da produtividade permitiu que a produção de feijão crescesse 50%; a de arroz, 72% e a de banana, 67%. Já a de mandioca caiu 16% e a de batata-doce caiu 45%. Apenas a de batata-inglesa teve aumento expressivo, de 239%. Ocorre que, nesse período, a população brasileira teve forte crescimento (170%), de 76,5 milhões para 205 milhões).

Como esses produtos têm comércio externo residual, constata-se que, com exceção da batata-inglesa, cinco dos itens mais presentes na mesa dos brasileiros tiveram forte queda no consumo per capita: arroz (-35%), banana (-37%), feijão (-43%), mandioca (-69%) e batata-doce (-79%). Daí vem a pergunta “tostines”: O consumo caiu porque o povo não aprecia mais esses produtos, ou o povo reduziu o consumo porque a retração na produção levou a considerável aumento dos preços?

E o futuro?

Segundo o relatório “Projeções do Agronegócio – Brasil 2022/23 a 2032/33”, do Ministério da Agricultura (MAPA), embora a população brasileira deva crescer 8% até 2033, para 221 milhões (mais 16 milhões de bocas a serem alimentadas), a projeção é de que a produção de arroz deva cair 2%; a de feijão, 5%; a de mandioca, 12% e a de banana vai ficar estagnada. Por que razão? Queda na área cultivada.

A área cultivada com arroz vai perder 980 mil ha; a com feijão deverá perder 994 mil ha e a ocupada com mandioca terá menos 220 mil ha. Banana e batata inglesa perderão menos (17 mil ha e 22 mil ha, respectivamente). Mas, segundo o MAPA, a área cultivada no Brasil nos próximos 10 anos deverá incorporar pelo menos mais 15,8 milhões ha (podendo chegar a 22 milhões).

Só que o trio queridinho do “ogronegócio” abocanhará tudo. A soja se expandirá por mais 12,1 milhões de hectares; o milho por 3,8 milhões ha (podendo chegar, no limite superior da projeção, a mais 10,4 milhões ha, dependendo da demanda para a produção de etanol a partir do milho), e a cana ganhará 1,3 milhão ha.

Com a continuidade da queda da área plantada e da produção dos produtos básicos, o que esperar? O relatório do MAPA responde: “O consumo projetado de feijão apresenta ligeira queda, seguramente devido a frustrações de safra e aumentos significativos de preços, criando dificuldades de acesso para parcelas significativas da população (redução forçada devido ao preço elevado). Se as condições de mercado permitirem preços mais baixos aos consumidores, talvez a queda de consumo global não se concretize”.

Respondida a pergunta “tostines”. Mais claro, impossível!

Como disse em outro artigo, não precisa ser economista, tampouco estudar a elasticidade-preço e a elasticidade-renda da demanda para concluir o óbvio, que, para além de mudanças no padrão de consumo, são os elevados preços dos alimentos básicos associados ao baixo rendimento de uma enorme massa de brasileiros que explicam a retração no consumo.

Num país onde milhões de pessoas passam fome e outros milhões não ingerem a quantidade de alimentos que deseja (e que necessita), se houvesse redução nos preços dos alimentos básicos alguém duvida que o consumo desses produtos iria disparar?

O “ogronegócio” se concentra na produção de culturas voltadas para a exportação e a produção de ração animal, onde pode maximizar seus lucros. Uma alternativa poderia ser a adoção de uma política pública voltada para estimular a agricultura familiar na produção de alimentos básicos, substituindo o latifúndio.

E o que projeta o MAPA?

A participação da agricultura familiar na produção de arroz em 2033 será de apenas 11%, e na de feijão, de 12%. Lamentável!

O “ogronegócio” é o maior responsável pelo elevado índice de desmatamento nos biomas Amazônico e Cerrado, pelo assoreamento dos rios, pelas queimadas e praticamente não recolhe tributos. Dos R$ 147 bilhões de renda proveniente da atividade rural em 2022, cerca de R$ 101 bi foi isenta de tributação.

E lembrar que parte deste dinheiro serviu para financiar a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023…

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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