Desde 2013, usar a tradicional camiseta da seleção brasileira de futebol tornou-se um ato político. Naquele momento histórico, as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus e a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil eram apartidárias. E justamente por isso, a “Amarelinha” era utilizada como um símbolo de união nacional.
Já em 2018, um candidato a presidente da República passou a tratar a cor amarela – e, por tabela, a camiseta da Seleção – como amuleto de brasileiros conservadores. Naturalmente, os progressistas passaram a abolir a Canarinho. E, apesar da tentativa de retomada da esquerda, a cor continua sendo sinônimo de apoio ao ex-presidente, hoje, inelegível.
Talvez por este contexto político, a campanha Maio Amarelo não tenha a repercussão esperada – e necessária. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), por exemplo, aproveita o mês para alertar os motoristas sobre a segurança no trânsito. O Maio Amarelo é, também, o momento para chamar atenção para a saúde mental.
Segundo dados do Ministério da Previdência e Assistência Social, em 2024, quase meio milhão de pessoas foram afastadas de suas atividades, em decorrência de problemas mentais. Foi o maior número registrado nos últimos dez anos. A chamada “crise de saúde mental” ficou mais alarmante após a pandemia de covid-19.
Entretanto, este está longe de ser um problema recente. Uma enfermeira, nascida em 1922, começou a faculdade na Universidade Federal do Rio de Janeiro aos 17 anos e foi pioneira em oferecer a abordagem musical para tratar seus pacientes.
Apesar do ineditismo nos tratamentos, Yvonne Lara ficaria famosa por outros motivos. O talento musical da enfermeira a fez abrasileirar seu nome e se tornar Dona Ivone Lara.
Entre sucessos como Sonho Meu, Acreditar e Alguém me Avisou, a Grande Dama do Samba foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo no carnaval brasileiro.
Dito isto, todos os brasileiros – da extrema-direita à esquerda – o deveriam usar o amarelo, independentemente de preferências políticas, pelo menos como fora de prestar homenagem a Dona Ivone Lara.