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Heróis ou assassinos?

  • Júlio Miragaya
  • 30/05/2024
  • 15:33

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Em 21 de maio de 1640, há 384 anos, o padre jesuíta Antônio Ruiz de Montoya conseguiu autorização do rei Felipe IV, de Espanha, para armar os indígenas agrupados nas Reduções Jesuíticas como forma de resistir aos ataques dos bandeirantes. A partir de então, os indígenas conseguiram elevado sucesso em rechaçar as investidas dos paulistas, retratados por muitos como heróis que ampliaram o território brasileiro.

Cabe lembrar que, pelo Tratado de Tordesilhas, o oeste paranaense e catarinense e o Rio Grande do Sul eram território espanhol. Assim, a partir de Asunción, os paraguaios fundaram Ciudad Real (1557) e Vila Rica (1576) no território intitulado Província de Guairá (atual Paraná). E a partir de 1610os jesuítas espanhóis implantaram na região várias reduções com o objetivo de catequizar os indígenas e discipliná-los no trabalho agrícola e artesanal.

Deve-se também lembrar que em 1580, com a extinção da dinastia de Avis, o rei Felipe II, de Espanha, assumiu o trono português, situação que subsistiu até 1640 (União Ibérica). Nesse período, as Províncias Unidas (Países Baixos), em conflito com a Espanha, ocuparam o litoral do Nordeste brasileiro (1630/54); os portugueses puderam adentrar a bacia Amazônica e os bandeirantes paulistas se sentiram à vontade para penetrar em território espanhol à caça de indígenas para escravizá-los.

Após devastarem a região do Tietê, dizimando os tupiniquins, osataques paulistas aos indígenas em território espanhol começaram no fim do século XVI, e se intensificaram entre 1619 e 1640 devido à forte valorização da mão-de-obra indígena nas capitanias da Bahia e do Rio de Janeiro, especialmente dos oriundos das reduções jesuíticas, já acostumados ao trabalho agrícola, em decorrência da redução de escravos trazidos da África devido à ocupação de Angola pelos holandeses, monopolizando o tráfico negreiro.

A maior bandeira ocorreu em 1628/29, quando 900 paulistas e 3.000 indígenas destroçaram 13 reduções da Província de Guairá. Muitos perguntarão por que os índios integravam as tropas dos paulistas? Simplesmente porque esses faziam seus filhos e esposas de reféns, cruelmente executados caso eles não cumprissem as ordens do chefebandeirante.

Para exemplificar a crueldade dos bandeirantes, Capistrano de Abreu, em “Capítulos de História Colonial”, reproduziu o assombroso relato do Padre Montoya por ocasião do ataque em Jesus Maria, no rio Pardo: “Em 3 de dezembro de 1637, 140 paulistas e 150 tupis, todos armados com escopetas, entraram pelo povoado disparando seus mosquetes. Tocaram fogo na igreja, onde se acolhera a gente, a palha começou a arder e foram obrigados a sair. Os bandeirantes, com espadas, machetes e alfanjes lhes derribavam cabeças, truncavam braços, desjarretavam pernas, atravessavam corpos. Provavam os aços de seus alfanjes em rachar os meninos em duas partes, abrir-lhes as cabeças e despedaçar-lhes os membros”.

Capistrano de Abreu relatou ainda um fato pouco conhecido: os bandeirantes precisavam da conivência da gente de Asunción, e em 1628 o governador do Paraguai, Céspedes Xeria, casado com mulher de família fluminense e senhor de engenho no Rio de Janeiro, fez sinal aos bandeirantes para avançarem. Não havendo solução em Asunción, Rio ou Salvador, Montoya embarcou para Madri, onde conseguiu licença para aparelhar os índios com armas de fogo e adestrá-los na arte militar. 

Então, devidamente armados, os indígenas impuseram, em março de 1641, acachapante derrota aos bandeirantes na Batalha de M’Bororé(noroeste do R. G. Sul). De 3.000 homens que partiram de São Paulo, pouco mais de 100 retornaram. Infelizmente a historiografia oficial sempre ignorou a resistência indígena, como a vitória na Batalha de Caazapaguazu em 1638 e a derrota imposta a Raposo Tavares, em 1648, na região das reduções de Itatins (atual Mato Grosso do Sul).

Estima-se que os bandeirantes escravizaram cerca de 300 mil indígenase centenas de milhares foram massacrados ou mortos por doenças levadas pelos europeus. Não faltarão hipócritas e canalhas que dirão que é equivocado descrever os bandeirantes como assassinos, pois as ações humanas devem ser avaliadas de acordo com as circunstâncias, a moral e as leis de sua época. 

Foi com tão asqueroso argumento que muitos justificaram as atrocidades cometidas pelos inquisidores, nazistas e outros facínoras. E tampouco se sustenta o argumento de que os bandeirantes foram os grandes responsáveis pela ampliação do território brasileiro. Mas esta questão abordarei no próximo artigo.  

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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