Nathália Guimarães e Fabio Goes
A notícia de que uma casa de passagem para pernoite de pessoas em situação de rua começaria a funcionar em uma casa no Trecho 3, Quadra 9, Conjunto 1, próxima ao Taguaparque, pegou a gerou uma onda de protestos. Segundo o presidente da Associação de Moradores de Vicente Pires (Amovipe), Gilberto Camargos, o local escolhido não é apropriado para esta finalidade e põe em risco a segurança de quem vive ou trabalha na região.
“Nós queremos que o deputado Daniel de Castro, representante da cidade, e o administrador regional escutem o que a população tem a dizer e não tentem empurrar goela abaixo aquilo que querem. Nós vamos fazer de tudo para que isso não aconteça”, afirmou Camargos ao Brasília Capital.
O líder comunitário conta que um morador o alertou, na segunda (4), de que o imóvel estava sendo preparado como albergue ao lado de sua residência. “Por meio das redes sociais, convocamos a população, que compareceu em peso. Quando questionamos as autoridades, elas disseram que o abrigo iria funcionar e que a população teria que engolir. Buscamos representantes legais, e descobrimos que não existia sequer alvará de funcionamento e que ninguém da região foi consultado”.
Presidente da Associação de Moradores de Vicente Pires (Amovipe), Gilberto Camargos. Foto: Antonio Sabino/BSB Capital
Camargos, então, diz que no mesmo dia entrou em contato com o administrador de Vicente Pires, Anchieta Coimbra. E, embora o gestor tenha dito que não tinha conhecimento da situação, a Administração Regional teria emitido um documento que atesta a viabilidade para o funcionamento do abrigo.
“Resolvemos continuar a manifestação. O administrador só chegou às 22h, após a comunidade ter fechado as duas vias do Pistão Norte, por mais de 30 minutos, causando um engarrafamento enorme”, acrescenta o presidente da associação.
REUNIÃO – Na tentativa de resolver a situação, a Administração agendou uma reunião com moradores, lideranças comunitárias e representantes do albergue para a manhã de terça (5), “No entanto, o encontro ocorreu de forma desorganizada e sem transparência”, denuncia Camargos. “Anchieta barrou a entrada das lideranças. Só deixou entrar representantes do abrigo e fez uma reunião a portas fechadas. Ninguém sabe o que foi discutido. Depois, ele se reuniu com alguns moradores, e por último, chamou a liderança”.
Apesar de o administrador afirmar que a ONG responsável pelo abrigo já havia sido notificada sobre a suspensão da viabilidade, a Amovipe pediu a cópia do documento e foi informada de que ele ainda não havia sido redigido. Nas redes sociais, circula um vídeo em que Coimbra garante aos populares que o centro de acolhimento “não vai ser instalado aqui”. Procurado pela reportagem, o administrador não quis se manifestar. O espaço segue aberto.
Administrador de Vicente Pires, Anchieta Coimbra. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
SAIBA +
O impasse em torno do local para atendimento à população vulnerável se arrasta desde o início do ano e tem sido noticiado pelo Brasília Capital. Em abril, a Secretaria de Desenvolvimento Social planejou instalar um abrigo noturno para 200 pessoas em Taguatinga Centro. Moradores, comerciantes e a direção do Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit) procuraram a Casa Civil e a proposta foi abortada.