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colaboradores, Política

Allons, enfants de la Patrie!

  • Júlio Miragaya
  • 02/07/2024
  • 08:58

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No domingo (30 de junho) ocorreram eleições legislativas na França, a exatas duas semanas das comemorações dos 235 anos da gloriosa Revolução Francesa, que pôs a pique o sistema feudal na Europa e abriu uma nova era para a humanidade, a do confronto entre o capital e o trabalho e da luta do povo pelos direitos civis e sociais.

Muitos se revelaram surpresos com uma suposta aparição da extrema-direita na França, esquecendo-se de que ela sempre esteve por lá, desde junho de 1848, em 1871, na colaboração com os nazistas, no exércitopromovendo massacres na Indochina e na Argélia e em 1968. 

E há 36 anos, em 1988, não era Jean-Marie Le Pen, o pai de Marine, que com 4,4 milhões de votos (15%) disputava com Chirac quem iria desafiar Miterrand no 2º turno?

Sim, a extrema-direita se fortaleceu. Mas, diferentemente do que tem ocorrido nos últimos anos, quando a disputa eleitoral se deu entre direita e extrema-direita, hoje o principal obstáculo ao avanço do Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen é a Nova Frente Popular (NFP), capitaneada pelo “França Insubmissa” de Jean-Luc Mélenchon.

É fato que o RN avançou, conquistando 29,2% dos votos e, junto com o Reconquista (também de extrema-direita), e a dissidência do LR, chegou a 34%. Mas a NFP ficou muito próxima, com 28%, e com os pequenos partidos, a esquerda chegou 31% do total. Já a coligação de Macron(Juntos), com 20,7%, e o LR (Republicanos), com 10%, foram os grandes derrotados.

Na Ille de France, região de Paris, a NFP venceu com 38,5% dos votos contra 16,3% do RN. E venceu também na maioria dos grandes centros urbanos. Mas foi nos numerosos distritos rurais e das pequenas vilas e cidades entre 2 mil e 20 mil habitantes, redutos da pequena-burguesia, que a RN “passeou”, obtendo em média 45% dos votos, contra 22% da NFP.

No peculiar modelo eleitoral francês, em que a proporcionalidade é desprezada, elege-se um deputado para cada um dos 577 distritoseleitorais. É como se fossem 577 micro eleições. Domingo, na chamada 1ª volta, foram eleitos apenas 81 deputados, os que obtiveram pelo menos 50% dos votos, desde que correspondentes a 25% dos eleitores inscritos. Foram 40 pela RN, 32 pela NFP, 4 pelo Juntos e 5 outros. Nada menos que 496 serão eleitos no próximo domingo (7) e estarão no páreo os candidatos que obtiveram na 1ª volta votação superior a 12,5% dos eleitores registrados no distrito. 

Dos 496 distritos em disputa, o RN está habilitado à peleja em 447, sendo que 257 lideraram na 1ª volta. Já a NFP classificou 407 candidatos, sendo que 123 lideraram no domingo. A coligação de Macron estará disputando em 312 distritos, sendo que em 56 liderou na 1ª volta. Por fim, o LR e demais partidos estarão em 140 pleitos, tendo liderado em 60.

Portanto, basta que os 257 candidatos do RN que lideraram a 1ª volta em seus distritos repitam a primeira colocação, que somados aos 40 já eleitos, daria a Le Pen uma bancada com 297 deputados, superior aos 289 necessários para ter o controle da Assembleia Nacional.

Trata-se de uma aberração produzida pelo modelo de voto distrital, pois no sistema proporcional, o RN, com 34% dos votos, conquistaria 196 das 577 cadeiras em disputa, longe da maioria. 

Mas não há nada decidido, pois é nesse momento que ocorrem negociações para retirada de candidaturas menos competitivas. E é aí que a “porca torce o rabo”. Em função desse movimento, o RN+LR dissidente deve ficar com cerca de 250 deputados, mas próximos da maioria. 

Para tanto, basta que o setor majoritário dos Republicanos (que deve eleger 40 deputados) e mesmo parlamentares da coligação de Macronfirmem acordo com o RN para este indicar o 1º Ministro. Afinal, a direita não está tão distante da extrema-direita como alguns tentam fazer crer.

A política europeia vive uma crise profunda desde o triunfo do neoliberalismo, que literalmente “pediu a cabeça” do Estado de Bem-Estar Social erigido no pós-guerra. A aplicação de políticas neoliberais,indistintamente pelos partidos conservadores ou socialdemocratas que se revezaram no poder, causou grande impacto na classe trabalhadora.

Muito embora na Alemanha (SPD), Espanha (PSOE) e Grã-Bretanha (Partido Trabalhista) os partidos socialdemocratas, não obstante as frequentes traições a seus programas, conseguiram manter grande parte de seus eleitorados (estando à frente do governo alemão, espanhol e prestes a retomar o governo na Grã-Bretanha), o mesmo não ocorreu na Itália e na França, onde eles foram esfacelados. 

Na Itália, os partidos Comunista e Socialista, que até o início da década de 1980 obtinham em conjunto cerca de 44% dos votos dos italianos, praticamente desapareceram, assim como a majoritária e conservadora Democracia-Cristã, vendo emergir de suas entranhas os partidos de extrema-direita (Liga Norte, Força Itália e Irmãos de Itália), hoje no poder. 

Na França o processo foi similar. O PS, que até há poucos anos, com seus 25% a 35% dos votos elegia quase sempre bancadas em torno de 200 deputados, despencou para apenas 7% dos votos e 30 deputados. Já o PCF, que em 1946 elegeu 180 deputados e ainda em 1978 conquistou 86 cadeiras, caiu nas últimas eleições de 2022 para parcos 12 deputados. Mas a esquerda ressurgiu renovada e combativa, capitaneada pelo “França Insubmissa”. 

Queda similar ocorreu com os dois principais partidos da burguesia francesa. A UNR de De Gaulle, sucedida pelo poderoso RPR, que em 1993 conquistou 240 cadeiras, virou o LR, com apenas 40 deputados. E a UDFde Giscardd’Estaing, que elegeu 215 deputados em 1993, retroagiu em 2022, já sob o novo nome de Movimento Democrático, para apenas 50, e agora, na coligação de Macron, não deve passar de 20. 

Já o jovem “Renaissance” de Macron, fundado em 2017 como “EnMarche”, engatou uma contundente marcha-a-ré, despencando de 170 cadeiras em 2022 para não mais que 50 agora. E sua coligação desabou de 250 cadeiras para prováveis 80 assentos no Palais Bourbon.

O hino francês nos lembra que a juventude tem sido, ao longo da História, uma poderosa aliada da classe trabalhadora na luta contra as forças reacionárias e na defesa da liberdade e da justiça social. Na França, assim o foi em 1789, 1848, 1871, 1940/45 e em 1968. Não será diferente em 2024.

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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