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Cidades

Estrutural: uma cidade com medo do amanhã

  • Chico Sant'Anna
  • 13/01/2017
  • 09:18

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17 de janeiro marca o fim do Lixão da Estrutural, considerado o maior da América do Sul. A Estrutural não mais receberá resíduos sólidos, e toda a coleta do Distrito Federal será destinada ao aterro sanitário de Samambaia. O fechamento do lixão é comemorado por ambientalistas, mas preocupa lideranças comunitárias da Estrutural. A interrupção dos descarregamentos pode representar mais do que o fim do lixão: pode ser também a falência da cidade.

O lixão nasceu há quase 50 anos. Deu guarida a uma pequena vila de catadores, que na década de 1980 enfrentou a Polícia Militar do governo Cristovam e, depois, com Roriz, conseguiu a fixação. Hoje, com uma população de 40 mil pessoas, a Estrutural detém os mais baixos indicadores socioeconômicos do DF. Vive essencialmente da sucata. Segundo a Pesquisa da Codeplan, a renda familiar é a mais baixa da capital: em 2015 era de R$ 2.004,00, equivalentes, à época, a 2,54 salários mínimos. Um ganho per capita pouco superior a meio salário mínimo (0,66 SM). O desemprego, em 2015, era de 9,6%, e, dos que trabalhavam, apenas 52% tinham carteira assinada e benefícios previdenciários.

 

Lixo que sustenta

Com a interrupção do fornecimento da principal matéria-prima, todo esse quadro socioeconômico tende a se agravar. Não apenas para os 2,7 mil catadores e centenas de carroceiros, que garimpam as riquezas jogadas fora pelo brasiliense e fazem o transporte miúdo. Estudos da Associação Comercial da Estrutural indicam que a renda que circula na cidade, em seu comércio, é essencialmente proveniente da sucata. A Estrutural abriga hoje a segunda maior empresa brasileira de reciclagem. Na cidade, tudo que é rejeitado por outros moradores vira dinheiro: garrafas pet, latinhas de alumínio, sucatas metálicas. Já existiam até projetos de se criar ali o maior centro de captação de vidro do Centro-Oeste.

Segundo a Codeplan, a maioria dos trabalhadores tem baixa qualificação profissional. A poucos quilômetros do Ministério da Educação, o nível escolar da população é baixíssimo: 45% não terminaram o ensino fundamental e diploma de ensino médio só é portado por 16,6% dos moradores. Pelo perfil dos moradores, são pequenas as chances de realocação dessa mão de obra. O medo é que o desemprego campeie e, atrás dele, a violência, como roubos e assaltos.

 

R$ 4 mil por mês

O trabalho dos catadores é severo e chega a ser desumano em vários momentos. Trabalham dez, doze horas por dia, sob sol escaldante ou chuva. Não existe feriado. Mas o retorno parece ser atraente. Segundo o presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas da Estrutural, Alexandre Bedran, cada um desses catadores consegue fazer cerca de R$ 1.500 mensais. Alguns, quando dão sorte e se dedicam mais tempo, chegam a R$ 3 mil. Em média, injetam na economia local mais de R$ 4 milhões mensais, sem computar os negócios realizados pelas empresas recicladoras e depósitos de ferro-velho.

 

Coleta Seletiva

O DF produz 2,8 toneladas de lixo cotidianamente. Metade é material orgânico, que pode virar fertilizante. Da outra metade, composta por resíduos sólidos, 700 toneladas são passíveis de reaproveitamento. No final das contas, se bem gerido, apenas 700 toneladas não são passíveis de reaproveitamento e deveriam ir para o aterro. Entretanto, o DF não conta com coleta seletiva e nem foram construídos os centros de prévia triagem. Assim, tudo irá pra Samambaia como “lixo indefinido”. Essa medida, além de prejudicar os catadores, fará com que o novo aterro tenha sua vida útil reduzida dos 25 anos projetados para apenas nove anos, a um custo anual de cerca de R$ 17 milhões, informa Ronei Silva, do Movimento Nacional dos Catadores.

O projeto do GDF previa a construção de 12 galpões de triagem, onde o lixo inicialmente depositado seria triado pelos catadores. Eles não mais atuariam no lixão. Haveria mais qualidade de vida e proteção social a esses trabalhadores. Nenhum galpão foi feito.

O GDF oferece agora como compensação uma bolsa de R$ 300 mensais, durante um ano, a um grupo de 900 catadores. Ou seja, para a terça parte dos que lá trabalham. O governo Agnelo também cogitou essa bolsa, mas para 2.054 profissionais.

 

Compensação

“Com o fechamento do lixão, encerra-se um ciclo de quase 50 anos de prestação de serviços, sofrimentos, mutilações, doenças e mortes. E inicia-se um novo ciclo de lutas por respeito, dignidade e reconhecimento perante a sociedade. Sociedade essa que sempre excluiu e ignorou a classe de catadores” – resume o líder comunitário Paulo Batista, o Paulão da Estrutural.

A comunidade da Estrutural está unida. O Conselho Comunitário tenta uma conversa com Rodrigo Rollemberg há um ano, sem resposta. Eles querem que a cidade seja compensada pelo fato de estar perdendo seu ganha-pão. Querem que o GDF preveja nos orçamentos futuros verba para a construção de creche, delegacia de polícia e posto policial.

Querem ainda que enquanto os centros de triagens não sejam construídos, que o Lixão da Estrutural funcione como estação de transbordo. Ali o lixo seria selecionado e só o que não tivesse reaproveitamento seria encaminhado para Samambaia. Para tanto, já foram ao Ministério Público e planejam pressionar o governador.

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