Tersandro Vilela (*)
Uma pesquisa inédita da AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, mostra que os brasileiros estão cada vez mais expostos à inteligência artificial (IA), mas ainda não compreendem plenamente como essa tecnologia funciona. O levantamento revela que 67,2% da população já utilizou alguma ferramenta de IA, enquanto 48% afirmam entender pouco ou nada sobre seu funcionamento.
Os dados, colhidos de 25 a 27 de julho de 2025 com 7.334 adultos em todo o país e margem de erro de um ponto percentual, indicam que a IA já se integrou ao cotidiano digital de forma quase invisível.
Nos últimos 12 meses, os usos mais populares foram assistentes de voz como Siri e Alexa (73,7%), IA generativa de texto (69,8%) – representada por plataformas como ChatGPT e Gemini –, ferramentas de tradução automática (69%), reconhecimento facial (66,6%) e aplicativos de navegação como Waze e Google Maps (66,2%).
Apesar da popularização, a pesquisa aponta um déficit de alfabetização digital ao evidenciar a falta de compreensão sobre as limitações da IA, mesmo diante de alertas sobre erros e vieses.
O risco de fake news e desinformação lidera as respostas (53%), seguido pela violação de privacidade (44%) e pela possibilidade de vigilância estatal (41%). Há ainda temor sobre a perda de empregos (29%) e sobre decisões injustas tomadas por algoritmos (29%).
O resultado reflete um dilema global. A inteligência artificial, embora incorporada a serviços e plataformas de uso cotidiano, ainda é percebida por muitos como uma “caixa-preta”. Essa distância entre uso e compreensão desafia governos, empresas e educadores.
Enquanto o Congresso Nacional discute regras para disciplinar o setor, cresce a urgência de traduzir em linguagem acessível os limites e potenciais da tecnologia.
No Brasil, a adesão expressiva à IA contrasta com a falta de informação sobre seu funcionamento. O dado central da pesquisa sugere que os brasileiros são usuários intensivos de uma tecnologia que ainda não entendem em profundidade — uma contradição que tende a marcar os próximos debates sobre regulação, ética e inovação digital no País.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa