Júlio Pontes
Além de tocar a famosa música do Plantão da Globo, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de determinar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causou rebuliço nas redes sociais dos políticos na segunda-feira (4).
Logo depois do anúncio feito pelo magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP), foi o único a se pronunciar por meio de vídeo. “A prisão do Bolsonaro é um absurdo”, disse logo na abertura do conteúdo.
Apesar da primeira frase conversar com a bolha bolsonarista, falou em “desescalar a crise”, em tom pacificador. A ausência de críticas ao STF incomodou aliados de Bolsonaro, mas com certeza, tem objetivo de se aproximar do centro.
Ratinho Jr. (PSD) não se posicionou em outros episódios, como o da tornozeleira e o da anistia. Desta vez, aproveitou o boom para dizer que é preciso buscar o “equilíbrio” para “colocar comida na mesa do trabalhador”. Assim, se manteve longe dos extremos.
O outro pré-candidato do PSD, Eduardo Leite (RS) não defendeu Bolsonaro. Aproveitou para pregar o fim da polarização, uma de suas bandeiras, e relembrar que apenas um dos cinco últimos presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, não foi preso ou impichado.
De olho nos radicais, o chefe do Executivo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) criticou nominalmente Moraes e definiu como “perseguição política” a prisão decretada. O termo é o mesmo usado por bolsonaristas.
A única mulher da lista, Tereza Cristina (PP), decidiu se aproximar do público feminino e usou palavras como “fé” e “casal”, além de citar Michelle. O presidente do seu partido, experiente Ciro Nogueira, pegou leve com o Judiciário e disse acreditar que a Justiça prevalecerá no final.
Ainda no governo, mas com um pé fora dele, o União Brasil não se pronunciou oficialmente. Dos líderes da legenda no Congresso, apenas o do Senado, Efraim Filho (PB), se pronunciou. Recentemente ele recebeu apoio de Michelle Bolsonaro para uma provável disputa no governo de seu estado. Já para o pré-candidato ao Planalto Ronaldo Caiado, governador de Goiás, a “escalada política deixa o povo brasileiro em segundo plano”.
A esquerda, de modo geral, não ironizou Bolsonaro, como fez quando o ex-presidente passou a usar tornozeleira eletrônica. Na segunda-feira (4), nem Lula nem Gleisi Hoffmann se pronunciaram. O medo da vitimização de Bolsonaro certamente paira sobre apoiadores de Lula.
Certo é que cada um aproveitou o momento para fazer sua própria política. Conversar com os eleitores que pretende convencer em 2026. É do jogo. Faz parte na democracia.