Maria Carla, do Sinpro-DF
A crescente onda de violência e fundamentalismos nas escolas do Distrito Federal tem comprometido o ambiente acadêmico e gerado tensão no cotidiano de professores(as) e orientadores(as) educacionais, o que piora a qualidade de vida e as condições de trabalho da categoria. Em diferentes unidades da rede pública, há registros de casos de assédio moral, agressões verbais (e físicas) de estudante e familiares contra os (as) profissionais da educação.
Somente no primeiro semestre deste ano, o Sinpro-DF recebeu seis denúncias de ataques a docentes envolvendo estudantes e familiares. Os casos foram registrados no Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB), Taguatinga Sul; no Centro Educacional Vale do Amanhecer, Planaltina; no Centro Educacional 3 (CED 03) do Guará; no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), Asa Sul; e no Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek (CEMJK). Também chegaram ao sindicato relatos de violência em escolas do Riacho Fundo e da Escola Técnica de Santa Maria.
Em algumas ocorrências, os episódios de violência partiram não apenas de estudantes, mas também de familiares. Em vários casos, o fator agravante foi a presença de fundamentalismos, sobretudo religiosos, que têm acirrado conflitos e desrespeitado o espaço escolar.
Um exemplo desses casos ocorreu, recentemente, no CED 03 do Guará, em que um professor foi hostilizado por estudantes e teve sua imagem exposta nas redes sociais, gerando uma repercussão distorcida dos fatos. O vídeo que circulou nas plataformas digitais mostra o docente sendo verbalmente humilhado e agredido por um grupo de alunos. Um deles chega a ofendê-lo diretamente, o que desencadeou uma reação que, fora do contexto, viralizou.
A comunidade escolar, no entanto, se mobilizou prontamente em apoio ao professor. Em nota pública, professores (as) e o Conselho Escolar destacaram a conduta exemplar do professor Adão Aparecido de Oliveira, que atua há mais de duas décadas com dedicação à educação pública.
BATALHÃO ESCOLAR – O Sinpro ressalta sua preocupação com essa sucessão de violências e afirma que, dentre os fatores que contribuem para essa situação alarmante, estão a falta do Batalhão Escolar, para garantir segurança nas adjacências das escolas, a ausência de punições mais severas a estudantes violentos, a falta de compromisso da família com a educação, além de questões sociais e econômicas.
O sindicato manifesta sua solidariedade a todos (as) os (as) educadores (as) vítimas de violência nas escolas e cobra da Secretaria de Educação do DF (SEEDF) ações efetivas para garantir a segurança e a valorização dos profissionais.
Para isso, faz-se urgente fortalecer a gestão democrática, para assegurar a integridade física, moral, emocional e profissional de quem atua no chão da escola, e criar um ambiente de respeito mútuo e proteção a quem faz a escola pública acontecer todos os dias.