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A BRF e o anjo da morte

  • Júlio Miragaya
  • 01/07/2025
  • 07:00

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Um recente episódio retratou de forma incontestável as desumanas engrenagens que prevalecem nas grandes corporações brasileiras. Trata-se do caso de uma trabalhadora que ganhou ação na Justiça do Trabalho do Mato Grosso contra o frigorífico da BRF situado em Lucas do Rio Verde, norte do estado. Em abril de 2024, essa trabalhadora – cinicamente chamada pela classe patronal de colaboradora – estava grávida, de 8 meses, de gêmeas. 

No decorrer de seu turno de trabalho, às 3h40 da madrugada, sentiu-se mal (dores no abdômen, tontura e falta de ar) e pediu autorização à sua supervisora para ir ao hospital, o que lhe foi negado sob a alegação de que “prejudicaria a linha de produção”. 

Voltou a sentir dores. Nova negativa, já da gerência, que sequer lhe deu a oportunidade de ser atendida no posto médico da empresa. Às 6h30 as dores se intensificaram, e diante de nova negativa, saiu sem autorização, dirigindo-se ao ponto de ônibus diante da empresa para ir ao hospital, quando a bolsa de líquido amniótico se rompeu. Provavelmente nenhum (a) colega se dispôs a levá-la, com receio de vir a ser demitido (a).

Às 6h40 ela deu à luz a primeira menina, que veio a óbito. E logo depois a segunda, que também faleceu. A BRF, que demitiu a funcionária por justa causa por não ter retornado ao trabalho logo após a licença maternidade, e debochadamente alegou que a “colaboradora” teve o parto fora das instalações da empresa, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 150 mil e todos os direitos trabalhistas. E recorreu da sentença.

A trabalhadora é pobre, negra e imigrante venezuelana. Portanto, um caso de quíntupla discriminação: misoginia, aporofobia, racismo, xenofobia além de discriminação por gravidez no trabalho. Teria o mesmo tratamento se a “colaboradora” fosse uma executiva da empresa, rica, branca e, se imigrante, vinda de uma subsidiária norte-americana ou europeia? Obviamente, não. Certamente teria disponível um carro da empresa para levá-la ao melhor hospital da cidade.

AÇOGUEIROS – Mas o que é a BRF? Trata-se de uma megaempresa, fruto da fusão das gigantes Sadia e Perdigão, com faturamento de R$ 61 bilhões em 2024. É controlada pela MBRF Global Foods Company (o “M” é de Marfrig), transnacional do ex-açougueiro de Mogi-Guaçu Marcos Molina, que, junto com a JBS, dos ex-açougueiros da família Batista de Anápolis, ascendeu ao seleto grupo das cinco maiores corporações de carnes do planeta, caminho pavimentado por polpudos incentivos fiscais e créditos subsidiados. 

Em 2024, a MBRF obteve faturamento de R$ 152 bilhões – um milhão e treze mil vezes maior que a indenização a ser paga à mulher que perdeu os dois bebês. Mas recorre de seu pagamento. Em 2024 a MBRF distribuiu dividendos de R$ 2,5 bilhões a seus acionistas. 

Coube a Marcos Molina, detentor de 65% de seu capital, a ‘módica’ quantia de R$ 1,62 bilhão, livre de impostos, pois no Brasil os acionistas pagam ZERO de Imposto de Renda sobre lucros distribuídos, enquanto “colaboradores” pagam IR de até 27,5%. A indenização da “colaboradora” corresponde a menos que um décimo de milésimo dos dividendos recebidos por Marcos Molina. Mas a BRF não quer pagar.

MENGELE – E por que o título do artigo? “Anjo da morte” era a alcunha de Josef Mengele, médico nazista da Schutzstaffel (SS), que se notabilizou por suas sinistras experiências médicas no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, que aprisionou 1,3 milhão de judeus, ciganos e eslavos. 

Mengele foi responsável por dezenas de milhares de assassinatos, mas tinha predileção por experiências com gêmeos, tendo feito experiências com 3 mil crianças gêmeas, das quais apenas 200 sobreviveram.   

Mas qual a relação? 

Vejamos: a MBRF Global é uma das líderes mundiais na produção de alimentos ultraprocessados, que, pelas altas doses de sódio, gorduras, açúcares, conservantes, corantes e outros aditivos tóxicos, é responsável pelo adoecimento e morte de milhões de pessoas em todo o planeta. 

O consumo de salsichas, linguiças, nuggets, hamburgueres, presuntos, bacon, salames etc. aumenta o risco de diabetes, obesidade, doenças cardíacas e responde pelo aumento de 25% nos casos de câncer de pulmão, 70% de colorretal e 63% de linfomas.

No Brasil, o consumo de ultraprocessados responde diretamente por 10,5% das mortes prematuras na faixa de 30 a 69 anos (57 mil mortes em 2023). O câncer é a primeira causa de morte de crianças e adolescentes. 

Segundo a OMS, em todo o planeta, são mais de 400 mil crianças e adolescentes diagnosticados com câncer a cada ano (8,5 mil no Brasil em 2022), com a ocorrência anual de 170 mil óbitos (cerca de 4 mil no Brasil). 

Tais números macabros não constrangem a BRF, que não tem qualquer pudor em continuar “envenenando” e promovendo, ainda que indiretamente, a morte de milhares de crianças e adolescentes. 

Só que em Lucas do Rio Verde, revelando até onde vai a desumanidade da burguesia e de seus capachos, ela foi bem direta, atuando como um impiedoso “Anjo da morte”.

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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