Tersandro Vilela (*)
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, nesta semana, um apelo internacional para que a inteligência artificial e os mundos virtuais sejam colocados a serviço do bem público. O documento, divulgado durante o 2º Dia da ONU sobre Mundos Virtuais, em Turim, na Itália, reuniu 18 agências multilaterais — entre elas FAO, OIT, UIT, Unicef e Banco Mundial — e estabelece diretrizes para o uso socialmente responsável dessas tecnologias.
O texto propõe doze áreas prioritárias de ação. Entre elas estão: acesso universal à internet, fortalecimento de infraestruturas públicas digitais, capacitação de jovens em competências digitais, proteção ambiental e cultural e o estabelecimento de marcos regulatórios globais.
Também defende a inclusão ativa de populações historicamente marginalizadas — como comunidades rurais, povos indígenas e regiões periféricas — na revolução digital em curso.
A iniciativa está alinhada ao “Pacto para o Futuro”, adotado em 2024, e articula-se a estratégias como o Pacto Digital Global e a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, prevista para 2025.
A meta é direta: garantir que o avanço da IA não aprofunde desigualdades, mas contribua para a erradicação da pobreza, a promoção de empregos decentes e o fortalecimento da coesão social.
Durante o encontro, a ONU também apresentou o Citiverso, um catálogo de soluções digitais voltadas para educação, governança urbana, meio ambiente e serviços públicos. A proposta é usar ferramentas como gêmeos digitais, algoritmos preditivos e sistemas inteligentes de gestão de dados para apoiar políticas públicas e melhorar a vida das pessoas.
Ao fim do evento, as agências reforçaram o compromisso com um futuro digital pautado por justiça, equidade e sustentabilidade: inovação sem inclusão é retrocesso — e não há progresso legítimo se ele não for coletivo.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa