No Dia da Independência do Brasil, a Avenida Paulista foi palco de um ato que em nada reflete os valores do patriotismo brasileiro. Apoiadores de Jair Bolsonaro estenderam uma bandeira gigante dos Estados Unidos, que deixou em muitos em dúvida se se tratava do 7 de Setembro ou do 4 de Julho, data da independência americana.
A manifestação, batizada de “Reaja Brasil”, foi convocada pelo pastor Silas Malafaia e pedia anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por crimes contra a democracia. Atos com a mesma inspiração ocorreram em 68 cidades, inclusive em Brasília, com a mesma inspiração, sempre tendo as bandeiras americana e de Israel competindo com o verde-amarelo nacional.
Em um dos momentos mais constrangedores, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro chorou ‘lágrimas de crocodilo’ ao discursar, afirmando confiar na Justiça Divina para que o marido “volte a ser honrado”. Bolsonaro, vale lembrar, não pôde participar do evento por estar em prisão domiciliar.
LAMBE-BOTAS — Nos EUA, Eduardo Bolsonaro, filho 03, publicou em seu perfil no X imagens aéreas da bandeira norte-americana e agradeceu a Donald Trump — o “laranjão” chegou a pedir que o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, classificado por ele sem qualquer prova, como “político”, fosse interrompido.
Na terça (9), em coletiva de imprensa nos EUA, um repórter do site Public News perguntou se Trump estava “considerando ações adicionais [ao tarifaço], tendo em vista a provável condenação contra Bolsonaro”. A resposta da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi de que “o presidente [Trump] não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão de todo o mundo”.
A declaração foi repudiada pelo Itamaraty, que condenou a ameaça de uso da força. “O governo brasileiro repudia a tentativa de governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”, diz o comunicado.
ESQUERDA – No mesmo dia, apoiadores do presidente Lula, centrais sindicais e movimentos sociais realizaram ato na Praça da República, também em São Paulo. Com pautas voltadas à defesa da soberania nacional, os presentes criticaram as tarifas impostas por Trump, pediram a taxação dos super-ricos, a regulamentação das redes sociais contra fake news, o fim da escala 6×1, além da punição exemplar aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Atos semelhantes se repetiram por todo o País.
No DF, mais de 2 mil pessoas participaram, na Praça Zumbi dos Palmares, em frente ao Conic, do Grito dos Excluídos, Excluídas e Excluídes, ato em defesa da soberania nacional e da democracia brasileira. “Temos de agir em defesa da soberania e da democracia, que são objeto de ataques crescentes. O mais recente, uma nova tentativa de golpe disfarçada de ‘projeto de anistia’”, diz o jornalista Sylvio Gosta, um dos organizadores do ato e fundador da Rede Pela Soberania.